Boçoroca: o motivo pelo qual a erosão pode ser muito perigosa
O que é?
Para termos uma ideia do que se trata esse fenômeno, o termo boçoroca tem sua origem do tupi guarani "yby" (terra) e "sorok" (romper).
Quem viaja pela serra da Mantiqueira e vale do Paraíba, por exemplo, pode observar que existe a presença de fendas e cortes disseminados nas vertentes, cada vez mais frequentes. São elas, as boçorocas.
Elas ameaçam os campos e as áreas povoadas, e rapidamente se ampliam. Constituem feições erosivas, altamente destrutivas.
Esses cortes se instalam em vertentes sobre o manto intempérico, sedimento ou rochas sedimentares pouco consolidados, e podem ter profundidades de decímetros até vários metros e paredes abruptas e fundo plano, com seção transversal em "U".
Seu fundo é coberto por material desagregado, onde aflora água, frequentemente associada a areias movediças ou canais anastomosados (já postamos sobre formações fluviais anastomosados).
De onde vêm?
Originam-se de sulcos gerados pela erosão linear. Mas, enquanto os sulcos ou *ravinas são formados pela ação erosiva do escoamento superficial concentrado em linhas, as boçorocas são formadas pela ação da água subterrânea.
A ampliação de sulcos pela erosão superficial forma vales fluviais, em forma de "V", com vertentes inclinadas e fundo estreito.
A partir do momento em que um sulco deixa de evoluir pela erosão fluvial e o afloramento do nível freático inicia o processo de erosão na base das vertentes, instala-se o boçorocamento.
A erosão provocada pelo afloramento de fluxo da água subterrânea tende a **solapar a base das paredes, carreando material em profundidade e formando vazios no interior do solo (tubificação).
O colapso desses vazios instabiliza as vertentes e é responsável pela inclinação abrupta e pelo recuo das paredes de boçorocas.
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*Ravina: acidente geográfico produto de erosão pela ação de córregos e enxurradas.
** verbo solapar: fazer cova/ escavar
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